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40 anos de Diretas Já, o movimento que acelerou o fim da ditadura e a frustrante votação

Há 40 anos atrás o Brasil testemunhou um dos momentos mais marcantes de sua história e que foi decisivo pro fim da ditadura militar.

 

O golpe militar de 1964 que recentemente completou 60 anos acabou vetando o voto popular na escolha do presidente e dos governadores, o Congresso Nacional foi fechado e juntas militares assumiram o poder. A Constituição de 1967 instituía o Colégio Eleitoral como forma de escolha do presidente em eleição indireta. A retomada da democracia veio com a lei da Anistia de 1979 e em 1982 voltaram as eleições diretas para governador nos estados. O país até 1979 era bipartidário pois existiam dois partidos: o MDB que era oposição e a Arena. Em 1980 surgiu o pluripartidarismo onde surgiram novos partidos políticos com o MDB virando PMDB, a Arena se tornando PDS, o PT, Partido dos Trabalhadores, o PTB e o PDT criado por Leonel Brizola. A emenda das Diretas não passou no Congresso, mas o movimento das Diretas Já impulsionou e acelerou o fim do regime militar no Brasil. O movimento que tinha como o objetivo a volta das eleições diretas para presidente da República começou em 1983 de forma tímida. Numa entrevista ao programa Canal Livre da Rede Bandeirantes de Televisão o senador alagoano Teotônio Vilela lançou a ideia de resgatar as diretas. No dia 31 de março houve a primeira manifestação em Recife, depois vieram outras manifestações em Goiânia e Curitiba. No dia 27 de novembro morria o Menestrel das Alagoas e no mesmo dia houve uma manifestação na Praça Charles Miller em frente ao estádio do Pacaembu. A manifestação reuniu políticos de diversas correntes e pensamentos que se uniam pelo mesmo ideal. Naquela época a situação econômica do Brasil se agravou com a inflação acima de 200% ao mês e uma grave e profunda recessão. 

Quando começou o ano de 1984 o movimento ganhou apoio popular e cresceu e o marco inicial foi o comício no Vale do Anhangabaú no centro de São Paulo em 25 de janeiro, dia de aniversário da cidade que completava 430 anos. O evento reuniu mais de 1,5 milhão de pessoas e no mesmo palanque estavam políticos como Tancredo Neves, Franco Montoro, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Luís Inácio Lula da Silva, Leonel Brizola e outros além de artistas que engajaram a causa. Ao todo foram 32 comícios entre 83 e 84. Em 10 de abril o comício na Candelária no Rio de Janeiro reúne 1 milhão de pessoas e seis dias depois na Praça da Sé em São Paulo 1 milhão e meio de pessoas se reuniram em um novo comício. A cantora Fafá de Belém esteve presente em todos os comícios, o locutor esportivo Osmar Santos ficou encarregado de animar a multidão e o deputado Ulysses Guimarães ficou conhecido como o Senhor Diretas.

O deputado Dante de Oliveira, falecido em 2006 se empenhou em coletar assinaturas e conseguiu apresentar projeto de emenda constitucional que estabelecia eleições diretas para presidente apresentando em 2 de março de 1983 a emenda que ficou conhecida como emenda Dante de Oliveira. 

O projeto foi pra votação no dia 25 de abril de 1984. O clima estava tenso em Brasília, pois antes da votação o governo de João Figueiredo institui as Medidas de Emergência do Planalto, além disso houve um blecaute de energia em parte das regiões sul e sudeste. Ainda teve censura aos órgãos de imprensa que não puderam noticiar sobre o que estava acontecendo. A votação no Plenário da Câmara foi tensa e para ser aprovada seria necessária a aprovação de dois terços (320 votos). Faltaram 22 votos para que a emenda virasse lei. Foram 298 votos a favor, 65 contrários, 113 ausências e 3 abstenções. A frustração tomou conta do país depois que a emenda foi rejeitada devido à uma manobra de políticos ligados ao regime. Os brasileiros tiveram de esperar cinco anos para enfim voltarem a eleger seu presidente. 

Após a frustração iniciou -se uma campanha para acelerar o fim do regime e surgiu uma dissidência do PDS, a antiga Arena que ficou insatisfeita com a indicação de Paulo Maluf como candidato e liderando essa insatisfação estavam José Sarney e Aureliano Chaves, então vice-presidente. Em 15 de janeiro de 1985 houve a última eleição indireta no Colégio Eleitoral onde Tancredo Neves venceu Paulo Maluf e encerraria ali o período de 21 anos de regime, mas Tancredo não pôde assumir o poder morrendo em 21 de abril e Sarney assumiu o poder, mas isso é assunto ano que vem quando falarei dos 40 anos de sua morte.

Vejamos como a imprensa brasileira cobriu o acontecimento. 

 

 

 




No dia 25 de janeiro teve o histórico comício da Sé e os jornais destacaram o fato e tanto o Jornal Nacional da Rede Globo como o jornal O Globo trataram o evento como um fato simples do aniversário da cidade de São Paulo, tanto é que a Rede Globo inicialmente não dava bola pro assunto, mas depois passou a cobrir o evento só que não foi perdoada e uma frase foi lançada: O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo.








O comício no Rio e o comício de São Paulo também foram destaque nos jornais e revistas da época.














A frustração com a votação que rejeitou a emenda foi destaque nos jornais do dia 26 de abril. A Folha chegou a colocar uma faixa amarela nos dias antes da votação. O Jornal da Tarde publicou uma capa toda ela em fundo preto simbolizando a frustração com a votação.

E aqui trago um documentário chamado O Grito das Ruas com depoimentos de artistas, políticos e jornalistas que participaram do movimento. Daqui a pouco no TV em Brasília publico como as emissoras de TV da capital federal e do Brasil se viraram nas horas tensas antes da votação da emenda.

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