Há 30 anos atrás Interlagos vivia um de seus dias mais felizes e também marcantes, pois Ayrton Senna vencia pela segunda e última vez o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1.
A corrida era a segunda da temporada de 1993 e na primeira disputada na África do Sul o francês Alain Prost vencia com Senna em segundo e tudo levava a crer que em Interlagos a Williams iria repetir o resultado pois tinha disparado o melhor carro. Senna vivia um dilema, pois ele renovava contrato com a McLaren a cada corrida, pois o carro já não era o mesmo e a troca de motor passando de Honda pra Ford não lhe dava esperança de vitória e tudo isso foi confirmado nos treinos com Prost e Damon Hill dividindo a primeira fila com Senna largando em terceiro lugar.
No domingo 28 de março o dia amanheceu com sol em Interlagos. A torcida compareceu e a maioria apostava em vitória de Prost, mas tinha gente que acreditava em milagre. E quando a corrida começou parecia que o dia era mesmo da Williams. Começava ali um dos GPs mais espetaculares da história da categoria e começou quente. Logo na largada a McLaren de Michael Andretti e a Ferrari de Gerhard Berger se estranharam no S do Senna. Andretti capotou de forma espetacular e ambos saíram ilesos do acidente. Senna pulou de terceiro pra segundo, mas depois perde a posição pra Hill e disputa com Michael Schumacher o terceiro lugar, então ele recebe uma punição de 10 segundos por ultrapassar sob bandeira amarela caindo pra quarta posição. As chances de vitória foram pro ralo até que uma ajuda que veio do céu mudou toda a história da corrida. Começava a chover em Interlagos e Senna foi esperto sendo o primeiro piloto a trocar os pneus colocando pneu de chuva.
A Williams por sua vez bobeou: ao invés de Prost quem foi pro box foi Damon Hill e o professor foi obrigado a ficar na pista. A chuva aumentou e na volta 28 o francês que não gostava de andar na chuva rodou na entrada do S do Senna e tocou na Minardi de Christian Fittipaldi que estava atravessada no meio da pista dando adeus à corrida e levando a torcida ao delírio.
O safety car entrou na pista e depois de várias voltas a pista secou. Quando a prova recomeçou com largada em movimento Senna já era o segundo e depois da nova troca passando pro slick o brasileiro foi pra cima de Hill e numa ultrapassagem antológica passou o inglês na descida do lago dando um drible desconcertante. Depois abriu vantagem e após 71 voltas veio a bandeirada consagradora. O próprio Senna confessou depois que o carro iria quebrar se a corrida tivesse mais uma volta pois a luz do óleo piscou. Felizmente ele cruzou a linha de chegada e deu a volta da vitória com a bandeira brasileira, mas na reta oposta o carro parou e a torcida insandecida invadiu a pista para comemorar e numa das cenas mais marcantes Senna foi literalmente nos braços do povo, diria Galvão Bueno na transmissão da Globo e como ele disse em entrevista ao mesmo Galvão foi pra galera. Para ser conduzido até o pódio o safety car, um Fiat Tempra 16 válvulas buscou o piloto e Senna não se conteve e sentou na janela do carro para saudar a torcida com uma bandeira brasileira. No pódio o encontro de campeões no abraço de Senna com o argentino Juan Manuel Fangio, até então o maior campeão da história seguido do banho de champanhe acompanhado de Hill e Schumacher, segundo e terceiro colocado respectivamente. Interlagos esperaria mais 13 anos para ver um piloto brasileiro vencer a corrida, feito obtido em 2006 por Felipe Massa, mas isso é assunto pra outra história. 15 dias depois ele repetiria o feito em Donington, assunto de uma próxima edição no mês que vem.
Vejamos aqui como os jornais cobriram esse fato:
Os jornais do dia 29 de março falaram em milagre, como foi na manchete de O Globo: Senna faz milagre em Interlagos e a foto de Cezar Loureiro mostra Senna na janela do safety car comemorando a vitória, no JB a manchete de capa de seu caderno de esportes foi Chuva, suor e Senna. O Estadão definiu a corrida dizendo que Senna venceu com chuva e emoção, O Dia do Rio chamou Senna de Magic na capa de seu caderno de esportes, já a Folha foi bem crítica dizendo que Senna salvou a corrida do tédio em texto assinado por Flávio Gomes. A revista Manchete definiu a vitória com um toque de gênio.
Essa corrida ficou marcante pra mim pois vi ainda em preto e branco, três meses depois tivemos nossa TV a cores e depois obtive os jornais exceto O Globo, depois comprei esse exemplar do Globo que está comigo apesar de estar amarelado pelo tempo e a música que me marcou nessa corrida é What wont you do for love do duo inglês Go West que tocava na rádio Manchete de Brasília, também tocou na Antena 1 e que eu voltei a ouvir em rádio no dia 13 de setembro do ano passado na Alpha no horário da princesa do rádio Nyvienn Reis. Trago o vídeo que fiz com os melhores momentos da corrida ao som da música.
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