Hoje há exatos 20 anos a comunicação ficou enlutada, em especial as Organizações Globo com a morte do jornalista e empresário Roberto Marinho.
Roberto Marinho junto de Assis Chateubriand foram os dois homens mais poderosos da comunicação no Brasil além de ser um dos mais influentes em todos os tempos. Graças à seu empreendedorismo construiu um gigantesco império de comunicação do planeta, as Organizações Globo, atualmente Grupo Globo. O começo do sucesso foi em 1925 quando herdou do pai Irineu Marinho o recém lançado jornal O Globo. Irineu fundou o jornal A Noite em 1911 e a carreira de Roberto se iniciou aos 20 anos como secretário particular. A morte de Irineu em 21 de agosto de 1925, poucos dias após o lançamento de O Globo lançou Roberto a um desafio, de seguir com o jornal. Se tornou editor-chefe do jornal em 1931 e em durante o governo de Getúlio Vargas apoiou de forma cautelosa o governo, embora tenha feito restrições no regime do Estado Novo. Durante a Segunda Guerra Mundial apoiou a Força Expedicionária Brasileira lançando o tabloide O Globo Expedicionário que foi distribuído aos soldados brasileiros no front de batalha na Itália.
Em 1944 inaugura a Rádio Globo, primeira emissora de radiodifusão do grupo ajudando na expansão do império. No segundo governo Vargas se torna opositor ferrenho usando O Globo para criticar a criação da Petrobras e Carlos Lacerda usava a rádio para atacar Getúlio. No governo de Juscelino Kubitschek foi beneficiado com a concessão para operar um canal de televisão. Apoiou os governos de Jânio Quadros e João Goulart e mesmo sendo tolerante passa a conspirar contra Jango até ele ser derrubado pelo golpe militar em 1964.
Inaugurada em pleno regime militar a TV Globo surge em 26 de abril de 1965. Foi o salto nos negócios do grupo. Marinho ainda adquire concessões em São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Brasília surgindo assim a Rede Globo de Televisão que a partir de 1970 se torna líder nacional de audiência com sua programação baseada em dramaturgia e jornalismo e ao mesmo tempo aproveitando do enfraquecimento de Tupi, Record e Excelsior. Ao mesmo tempo Marinho firmava acordos com o grupo americano Time-Life que rendeu até uma CPI e ainda um polêmico documentário Beyond Citizen Kne (Muito além do Cidadão Kane). Esse documentário foi comprado e exibido em trechos pela Rede Record em 2009 e em 2013 O Globo reconhece em artigo que o apoio ao golpe de 1964 foi um erro e veio junto do Projeto memória e do lançamento do acervo digital do jornal.
Ainda na televisão investe na construção e criação do Projac em 1995. O complexo situado em Jacarepaguá que hoje é conhecido como Estúdios Globo é o maior da América Latina com área estimada em 1 milhão de metros quadrados distribuídos em dez estúdios, fábrica de cenários, cidades cenográficas e centro de pós -produção das novelas da Globo. No mercado de TV por assinatura cria em 1991 a Globosat que inicialmente englobava os canais GNT, Telecine, Multishow e Top Sport, hoje Sportv e no mercado de revistas adquire a Editora Rio Gráfica e em 1987 renomeia para Editora Globo.
Na educação cria em 1977 a Fundação Roberto Marinho, organização que apoia várias iniciativas educacionais como o Telecurso, o canal Futura e programas segmentados nas diversas áreas do conhecimento.
Ao mesmo tempo Roberto Marinho se tornou alvo de várias polêmicas: numa delas em 1982 na eleição para governador do Rio a TV Globo foi acusada de impedir a eleição de Leonel Brizola que rendeu um histórico editorial lido por Cid Moreira no Jornal Nacional em 1994 e na eleição presidencial de 1989 apoiou Fernando Collor de Mello tendo como um dos episódios mais marcantes a edição tendenciosa do último debate dos candidatos Collor e Lula às vésperas do segundo turno exibido no Jornal Nacional sendo totalmente favorável a Collor. Outro fato polêmico foi na campanha das Diretas Já em 1984 quando mostrou o comício que reuniu mais de 300 mil pessoas na praça da Sé em São Paulo como evento comemorativo do aniversário da cidade e não foi perdoado pela população que lançou o slogan: O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo.
Roberto Marinho foi casado três vezes: com Stella Goulart Marinho que teve como filhos Roberto Irineu, Paulo Roberto, João Roberto e José Roberto Marinho, com Ruth de Albuquerque e com a socialite Lily de Carvalho até o fim da vida.
Na tarde do dia 6 de agosto de 2003 Roberto Marinho estava em sua casa quando sofre uma trombose seguido de um edema pulmonar, foi internado e quando estava sendo operado para retirar um coágulo no pulmão não resiste e morre aos 98 anos. Sua morte foi sentida em todo o país naquela noite. Na Rede Globo um plantão com Ana Paula Padrão entrou no ar durante a transmissão dos jogos do campeonato Brasileiro e no jogo entre Vasco e Goiás o narrador Luís Roberto leu um texto no instante que o Goiás marcava um gol no jogo lamentando a morte dele.
Vejamos como foi a cobertura da imprensa brasileira.
A morte de Roberto Marinho dividiu espaço com a invasão ao Congreso de servidores públicos federais. O Correio publicou uma pequena nota na primeira página assim como o Estadão, o Jornal do Brasil destacou a morte em uma segunda edição atualizada e O Globo publicou nota na primeira página assim como o Extra.
No dia seguinte O Globo trouxe caderno especial de 28 páginas com o velório e o enterro que contou com a presença de artistas, políticos e anônimos.
A revista Época trouxe uma edição especial com um caderno esepcial destacando a vida e morte do homem que mudou a história da comunicação.
E aqui trago dois vídeos da morte: o primeiro, o plantão lido por Ana Paula Padrão e o choro de William Bonner ao ler a carta escrita pelos filhos de Roberto no Jornal Nacional do dia seguinte quando ele parou e disse: eu vou concluir.
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