Publicidade

40 anos sem Tancredo Neves, o político que não pôde ser presidente

Hoje, 21 de abril completam-se 40 anos da partida de Tancredo Neves. O homem que não foi presidente, mas foi extremamente importante para o fim da ditadura militar morria depois e um calvário de 38 dias e sete cirurgias.

Tancredo de Almeida Neves foi o arquiteto e reconciliador da redemocratização do país. Formado em Direito foi vereador, em São João Del Rei, deputado estadual e deputado federal, foi ministro da Justiça no governo de Getúlio Vargas e estava no Palácio do Catete quando Getúlio se matou em 1954, foi primeiro ministro no governo de João Goulart, na ditadura atuou na oposição e em 1984, depois da derrota da emenda das Diretas Já, assunto que já abordei aqui Tancredo que era governador de Minas Gerais foi escolhido o candidato da oposição tendo como vice o senador José Sarney que deixou o PDS, partido do governo de João Figueiredo. O slogan Muda Brasil, Tancredo Já levou Tancredo á vitória no Colégio Eleitoral (o voto direto pra presidente voltou em 1989, outro assunto que também já abordei aqui). 

Em 15 de janeiro de 1985 o colégio eleitoral se reunia no plenário da Câmara dos Deputados e Tancredo foi eleito com 480 votos contra 180 de Paulo Maluf. Tancredo se tornaria o primeiro presidente civil depois de cinco presidentes militares.  O país iria sair de um período de 21 anos de regime militar e contava os dias para a posse, mas na noite de 14 de março, véspera da posse Tancredo Neves passou mal durante a missa e foi internado às pressas no Hospital de Base gerando apreensão em todos. Ele sentia dores abdominais e a equipe médica optou por realizar a cirurgia, a primeira de sete que ele iria passar. 

Na manhã de 15 de março sem Tancredo José Sarney assumia interinamente o poder dando início a Nova República enquanto Tancredo era operado e o diagnóstico apontava que Tancredo sofria de diverticulite. Os médicos então retiraram um tumor benigno e o calvário começava. A cirurgia foi feita em meio às reformas que o Hospital de Base passava na época e surgiram as primeiras complicações, dias depois veio a segunda cirurgia. Em 25 de março foi divulgada uma foto em que Tancredo parecia bem. A foto foi tirada pelo fotógrafo Gervásio Baptista que trabalhava na revista Manchete. Ledo engano, Tancredo tinha uma forte hemorragia intestinal e os médicos decidem transferí-lo para o Hospital das Clínicas de São Paulo na manhã de 26 de março. Ao chegar em São Paulo os médicos decidem fazer a terceira cirurgia. À medida que os dias passavam Tancredo não conseguia mais se recuperar e o país entrou em estado de agonia com muita gente na porta do hospital rezando pela recuperação. Ao todo foram sete cirurgias e Tancredo acabou sendo vitimado por uma falência múltipla de órgãos. Em 21 de abril o calvário chegava ao fim. Tancredo estava morto e coube ao então porta voz Antônio Britto informar ao país a morte de Tancredo.

"Lamento informar que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República Tancredo de Almeida Neves faleceu esta noite no Instituto do Coração às 22h23 min."

O país então parou pra se despedir do político. Em São Paulo o cortejo atravessou as ruas da cidade, depois o caixão veio pra Brasília e a população se despediu dele. No Palácio do Planalto Tancredo subiu a rampa morto e o enterro foi em São João Del Rei. 

A versão oficial dos médicos dizia que a causa da morte de Tancredo foi uma infecção generalizada, mas em 2005 reportagem do Fantástico revelou que o laudo estava incorreto e segundo a reportagem a divulgação do laudo foi feita pelos médicos porque eles tinham receio de que a transição fosse barrada pelos militares. Em 2010 o pesquisador Luís Mir lançou um livro em que aponta uma sucessão de erros médicos cometidos pela equipe que cuidou dele. 

Vejamos aqui os registros da imprensa:







Aqui os jornais do dia 16 de janeiro, dia seguinte á eleição de Tancredo e as capas de Veja e Manchete.
































Jornais durante o calvário. Algumas matérias da Manchete e a sequência de capas de Veja.




















Os jornais do dia 22: Correio Braziliense, O Globo e Estadão que não circulava às segundas feiras lançando uma edição extra.






As capas de Veja, Istoé e Manchete no adeus a Tancredo. Veja circulou com 160 páginas e bateu o recorde de vendas da época. 


E aqui o momento exato do anúncio da morte na Globo. Uma matéria sobre as dietas que era a matéria final do Fantástico foi interrompida pra entrada do repórter Carlos Tramontina.

CONVERSATION

0 $type={blogger}:

Postar um comentário