O final de 1992 para os brasileiros reservou dois momentos distintos que vamos relembrar aqui nos próximos dois dias no Contando a História. O primeiro completa hoje exatos 30 anos e foi um crime bárbaro que chocou a sociedade numa mistura perigosa de ficção com realidade.
Daniella Perez era filha da autora Glória Perez e estava vivendo o papel de Yasmin em De Corpo e Alma, novela das 8 da Rede Globo e aos 22 anos estava no seu melhor momento, do outro lado o então desconhecido Guilherme de Pádua que interpretou o personagem Bira e ele era envolvido por Yasmin. Na tarde do dia 28 de dezembro de 1992 os dois gravaram a cena em que Yasmin terminava o romance com Bira, logo depois Guiilherme teve crises de choro. Quando terminaram as gravações por volta de 21 horas os dois deixaram os estúdios da Tycoon na Barra da Tijuca e Guilherme deu uma fechada em Daniella e ambos desceram dos carros. Ele então deu um soco no rosto da atriz que caiu desacordada e levou o corpo para um terreno baldio, lá ele e a então mulher Paula Thomaz desferiram 18 estocadas que mataram Daniella Perez atingindo órgãos vitais, foi o que consta da perícia. O advogado Hugo da Silveira que estava passando pelo local do crime suspeitou de ser assalto e anotou as placas dos carros e lá chamou a polícia. A investigação descobriu que o carro era de propriedade de Guilherme de Pádua que chegou a adulterar a letra. Na manhã do dia 29 de dezembro ele foi encaminhado até a delegacia pra prestar depoimento, inicialmente ele negou tudo, mas horas depois confessou ter matado Daniella. A então mulher Paula Thomaz também foi presa e os dois foram presos definitivamente em 31 de dezembro. Os dois se separaram e em janeiro de 1997 foram julgados e condenados por homicídio qualificado com penas de 19 anos de cadeia, depois reduzida pra 18 anos e meio. O crime acabou eclipsando o fato político que marcou o ano, a renúncia de Collor quando estava começando o julgamento no Senado, assunto de amanhã quando relembraremos o ano do impeachment.
A indignação popular levou a alteração à pedido de Glória Perez da lei dos crimes hediondos que teve 1 milhão de assinaturas com a inclusão do homicídio qualificado praticado por motivo fútil, torpe ou com requintes de crueldade. Guilherme de Pádua deixou a cadeia em 1999, se casou de novo e morreu no último dia 6 de novembro e como disse na postagem do seu obituário que fiz no Blog de knunes não desejo mal pra ninguém e se existe a justiça de Deus que pague no inferno pelo crime que cometeu. A carreira de Daniella foi breve atuando em três novelas: Barriga de Aluguel, de 1990, O Dono do Mundo de 1991 e De Corpo e Alma e era casada com o ator Raul Gazolla. O caso foi tema de três livros: O Crime da novela das Oito (1993) de Sérgio de Souza, A paixão no banco dos réus (2008) de Luiza Nagib Eluf e Mentes perigosas: O psicopata mora ao lado (2008) de Ana Beatriz Barbosa Silva e uma série documental exibida este ano pelo HBO, Pacto Brutal - O Assassinato de Daniella Perez exibido em cinco episódios no mês de julho.
Vejamos como foi a cobertura da imprensa:
O Globo e o Jornal do Brasil deram a notícia na primeira página na edição atualizada do dia 29 de dezembro e o JB deu a notícia resumida.
A morte de Daniella ocupou espaço junto da renúncia de Collor nas primeiras páginas dos jornais do dia 30 de dezembro. No dia 31, último dia de 1992 destaque para a prisão do assassino.
As matérias do Globo, Estadão e Folha nos dois dias sobre o caso e na reprodução da matéria do Estadão do dia 30 tem a última entrevista dada por ela a um órgão de imprensa uma semana antes de sua morte, no caso o Estadão que na época tinha o seu caderno de TV, o Telejornal.
A extinta revista Manchete trouxe duas capas seguidas sobre a morte da atriz e trago as páginas iniciais.
A revista Veja trouxe duas capas sobre o caso no começo de 1993 e já tive ambos os exemplares, a primeira sobre o pacto de sangue de Guilherme e Paula Thomaz e a segunda falando da ira de Glória Perez.
A notícia da condenação do julgamento que inicialmente seria em agosto de 1996 vide capa da Veja que também tive o exemplar, mas que ocorreu em janeiro de 1997 nas páginas de O Globo e O Estado de S.Paulo. Em 2012 Istoé trouxe reportagem mostrando a vida de Paula Thomaz longe da cadeia (comprei esse exemplar)
E trago a matéria do Estadão do dia 8 de novembro sobre a morte do ator Guilherme de Pádua.
E pra complementar trago uma entrevista dada ao Jornal Hoje três meses antes da morte.
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