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30 anos sem Ayrton Senna do Brasil

Hoje é 1º de maio e há exatamente 30 anos a Fórmula 1 vivia um de seus dias mais tristes coroando o mais macabro fim de semana da história da categoria e o Brasil perdia o seu maior herói.


Ayrton Senna da Silva era considerado por muitos o melhor piloto do mundo. Com talento e perícia conquistou três títulos mundiais de Fórmula 1 pela McLaren e em outubro de 1993 foi enfim contratado para guiar um carro da equipe Williams e a expectativa era enorme para 1994, mas a Williams não teria a eletrônica embarcada que fez com que a equipe construísse carros vitoriosos como os de Nigel Mansell e Alain Prost, campeões em 1992 e 1993 pois a FIA proibiu a eletrônica. Assim Senna testou pela primeira vez o carro em janeiro no circuito do Estoril, local de sua primeira vitória na categoria e depois novos testes em Ímola. 


A temporada começou em 27 de março com o Grande Prêmio do Brasil em Interlagos. Senna largou na pole e liderou até o primeiro pit stop onde a Benetton foi mais rápida e colocou Michael Schumacher na frente. O brasileiro foi pra cima tentando tirar a diferença e faltando 15 voltas pro fim rodou na subida da Junção quando o segundo lugar estava garantido, mas ele acabou abandonando a prova frustrando a torcida que lotou as arquibancadas e seria o seu último GP do Brasil. Na corrida seguinte,o GP do Pacífico em Aida no Japão Senna foi pole novamente, mas largou mal e na primeira curva foi tocado por Mika Hakkinen e a suspensão quebrou ao ser tocado novamente por Nicola Larini. Schumacher venceu de novo e abria 20 pontos no campeonato, então Senna teria de reagir e a reação teria de começar em Ímola.

Ímola, um fim de semana de sangue e morte


O circuito Dino e Enzo Ferrari em Ímola na Itália sediava mais um Grande Prêmio de San Marino, uma pequena república encravada próximo à Bolonha e naqueles dias viveu tempos tenebrosos. O pesadelo do fim de semana começou na sexta, 29 de abril. O primeiro treino classificatório mal havia começado quando Rubens Barrichello com sua Jordan perde o controle e decola na zebra da variante baixa capotando nos pneus. O piloto brasileiro foi socorrido e levado até o hospital com fratura no nariz e no braço, portanto estava fora da corrida. O acidente foi um aviso de que a bruxa estaria à solta e no dia seguinte ocorre o pior.

Roland Ratzenberger, austríaco fazia sua temporada de estreia correndo pela Simtek e no início da segunda sessão classificatória foi pra pista naquele sábado, 30 de abril quando ele bate violentamente no muro da curva Villeneuve a 314 km/h. O acidente foi causado pela perda da asa traseira e o carro perdeu aderência. Ratzenberger foi socorrido e levado ao Hospital Maggiore de Bolonha onde foi declarado morto horas depois. O que houve na verdade que a FIA escondeu é que Ratzenberger morreu na pista, ou seja, morreu na hora do impacto e se fosse confirmada a morte o GP não seria realizado segundo as leis italianas, mas aí o dinheiro falou mais alto e temendo prejuízos financeiros a corrida foi realizada e então....


Domingo, 1º de maio de 1994. Ayrton Senna largaria pela 65ª e última vez na pole position de um Grande Prêmio. A corrida em Ímola prometia, mas logo na largada houve mais um acidente. J.J Lehto fica parado no grid e todos os carros conseguiram desviar exceto Pedro Lamy que vinha de trás e atingiu em cheio a Benetton. Os dois pilotos não se feriram, mas pedaços de carros e pneus voaram pelas arquibancadas. O safety car entrou na pista e durante cinco voltas os carros ficaram atrás do veículo de segurança até que uma nova largada fosse autorizada. Na sexta volta a prova recomeçou com Senna na frente seguido por Schumacher e o brasileiro completou a volta na liderança, foi então que veio a desgraça. Início da sétima volta. Senna se aproximava da curva Tamburello foi quando a coluna de direção quebra. Percebendo o que houve o brasileiro reduz a velocidade, mas o muro se aproximava e então...





Senna bateu forte! dizia Galvão Bueno na transmissão da TV Globo. Às 14:17 horário da Itália, 9:17 no horário brasileiro a Williams número 2 sai da pista e vai reto de encontro ao muro da Tamburello e o impacto se dá à 216 km/h. Senna dentro do cockpit faz um movimento de cabeça, muitos pensavam que estaria vivo, mas não. Os médicos demoraram quase 2 minutos pra socorrer o piloto e retirar do carro, depois foi feita uma traquestomia para melhorar a respiração. Senna perdia sangue pois houve uma forte hemorragia na região do crânio severamente atingido. Senna então é levado de helicóptero pro Hospital Maggiore. Os médicos fizeram de tudo pra salvar, mas a lesão era grave e irreversível. Às 13:05 foi decretada morte cerebral e às 13:40 a notícia que ninguém queria ouvir foi confirmada: Senna está morto. A sua morte enluta o Brasil e marca o fim de uma era na Fórmula 1. 





São Paulo parou pra se despedir do filho mais ilustre. O corpo chegou em um avião da Varig no dia 4 de maio e o cortejo passou pelas ruas até chegar à Assembleia Legislativa onde foi velado e ali o público passou pra se despedir do herói. No dia seguinte o cortejo prosseguiu até o Cemitério do Morumbi onde o seu caixão foi conduzido por seus colegas de pista entre eles Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello e o seu maior rival Alain Prost e lá foi sepultado. 



Meses depois investigação da perícia italiana apontou falha mecânica a causa do acidente. A coluna de direção que havia sido soldada a pedido do piloto pois as mãos raspavam no volante acabou se rompendo e o que matou o brasileiro foi a barra da suspensão que como uma lança pontiaguda penetrou entre a viseira e a proteção de borracha do capacete causando os ferimentos fatais. O julgamento foi feito e todos os envolvidos foram absolvidos em 2007, pois o crime prescreveu. O acidente de Senna em Ímola foi um divisor de águas na Fórmula 1 e desde então a segurança foi aprimorada nos carros e circuitos. O cockpit ficou mais protegido e desde 2018 foi adotado o halo, proteção que salva vidas. Ímola sofreu uma grande reforma e a Tamburello deixou de existir, pois os pilotos faziam a curva de pé embaixo dando uma leve guinada à esquerda no volante e a curva virou um s de baixa velocidade. Mesmo assim ainda aconteceu outra morte 20 anos depois com o francês Jules Bianchi que bateu em um trator no Grande Prêmio do Japão de 2014, ficou 9 meses em coma e morreu em julho de 2015.

Como sempre gostei de Fórmula 1 aquele domingo parecia dia normal, assisti a corrida normalmente até a hora da batida, mas depois que vi o acidente fiquei chocado demais e peguei alguns recortes de jornal sobre o piloto, depois entrei em choque quando foi anunciada a morte dele pelo Roberto Cabrini, ainda fui pro SESI pois teve comemorações do Dia do Trabalho, mas a festa foi morna e voltei pra casa, depois assisti e gravei a edição histórica do Fantástico, no dia seguinte trouxeram pra mim os jornais e li tudo de cabo a rabo. Depois comprei a Veja extra que saiu e guardei tudo até 2002.

Vejamos aqui os registros da imprensa brasileira naqueles dias de maio de 1994

 






Aqui estão as capas dos jornais brasileiros no dia da morte do piloto em 2 de maio.

 

 


No mesmo dia as capas dos cadernos de esportes.

 



Aqui as capas nos dias do velório e enterro. 










Aqui as capas das revistas sendo que Manchete lançou duas edições históricas com a repercussão da morte e o adeus e Veja publicou edição extra que foi vendida apenas em banca. 

 

E aqui trago o anúncio da morte feito pelo repórter Roberto Cabrini.

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